Comportamento Animal e suas Defesas


Diferentemente de nós seres humanos, outras espécies do Reino Animália, apresentam comportamentos seqüenciais e quase imutáveis. Fazendo uma analogia com nossa espécie, onde ocorrem diversos humores em diferentes oportunidades, nos destacamos pelas variações de postura, seja no trabalho, na escola, em família ou junto da sociedade. Em cartaz neste mês no teatro Frei Caneca-SP a peça “SURTO”, retrata bem eventos do cotidiano humano. Quando um ator se preparava pára sair do palco, dando lugar a outros dois que entrariam e fariam seu novo show, um deles ao entrar tropeçou caindo na maleta daquele que estava despedindo-se, então tomado por risos, estes dois sempre que dariam início a apresentação, não se continham, eis que em meio a platéia, ouviu-se uma voz que dizia: “falta respeito”; “chega de dar risadas”; “vamos apresentar”; “paguei e quero ser respeitado”, até que os atores passaram a se desculpar pelo incidente, outros na platéia já o vaiavam, (ainda que mantendo a educação), quando iria esquentar a discussão, o reclamante dirigiu-se ao palco em seu protesto e desafiando os atores, partiu em direção dos mesmos numa simulação de agressão. Até que veio o alívio geral, se tratava do ator Renato Bavier, que revigorou o título da peça, dando provas de comportamentos inadequados e costumeiros de serem vistos, prova disto, foi a parcialidade dos espectadores em defender os risonhos.
Em espécies dos gêneros como; sapo, pássaros, lagartas, etc. seu humor raramente foge do controle, ante desta dispersão, este se encontra atuando de maneira programada.
Os comportamentos que vamos observar são uma necessidade, seja de defesa ou para conquista de territórios ou por alimentos – diferentes de comportamentos repentinos e muitas vezes desnecessários (como por exemplo; aquele que briga no trânsito), dentre os quais alguns organismos na condição de presa, e quase sempre em desvantagens, recorrem aos seus mecanismos que por vezes lhe trará uma sobrevida, ou certa liberdade como no caso da coloração críptica e na coloração de advertência, também estudadas como camuflagem e aposematismo respectivamente, vistos como verdadeiros disfarces naturais. Um caso clássico dos famídeos (inseto), bicho-de-pau, são exemplos daqueles que de forma velada se passam por gravetos e os grilos e os louva-a-deus que conseguem ao recolherem suas patas se igualarem as folhas das arvores e arbustos. Estes animais na maioria das vezes se encontram paralisados, assim realmente não serão vistos, haja vista de serem palatáveis e de grande apreciação à vista de famintos predadores, entretanto outros não conseguem através de uma serie de fatores usarem deste estratagema, porém apelam por algo mais vivo, justamente o tegumento contendo uma coloração de advertência, e aqueles que duvidarem e investirem na sua captura, após a primeira experiência, jamais se atreverão a repetir, chegando ao ponto de lhes causarem enjôo, o aviso não é uma farsa, mas um indicativo de que substâncias nocivas estão presentes, tóxico este que, se não produzido pela própria espécie, será alocado por meio de digestão de vegetais ou outros animais que contém o produto químico. Sua coloração variará entre algumas cores vivas, de um laranja até faixas preto e vermelha, animais de pequeno porte se ajuntaram aumentando assim a visão do colorido.
Existem aqueles que não possuem a condição intracelular de cultivar estas toxinas, então como bons falsificadores, se destacam pelo mimetismo, que é a suposta imitação dos animais citados anteriormente. São conhecidos dois tipos de mimetismo:
Mimetismo Batesiano – nome dado para homenagear seu idealizador, Henry Bates, um inglês do século XIX. Segundo Bates e em seus estudos, foram encontrados muitas espécies de insetos que trocavam suas características de cores crípticas, adotando aspectos impalatáveis, esses insetos usam como modelos aqueles dotados de aposematismo, um exemplo são libélulas, que se livraram dos sapos, porque estes se recusavam comer abelhas por ferroarem em suas línguas, agora igualadas em cores pelas libélulas. Ou o caso da salamandras-de-dorso-vermelho, encontrada em algumas regiões, suas cores entrísticas do grego erytlr = vermelho, que são espécies bem parecidas com os lagartos também imita o titrão-vermelho outro tipo de lagarto, da mesma classe e ordem, porém de família diferente das salamandras que aderiram suas rubras cores como forma de ludibriar predadores, outro muito conhecido se dá na relação entre as serpentes corais e suas imitadoras as falsas corais, mas não se deixem enganar por aqueles que dizem identificá-las, melhor é não arriscar.
Mimetismo Mülleriano – por conseqüência nome dado ao seu descobridor Fritz Müller, alemão do século XIX, neste caso, cada indivíduo de espécies impalatáveis são imitadores e também modelos, assim diversas espécies do mesmo gênero adotam o mesmo padrão de coloração. Por exemplo, em um território, todas as espécies de vespas irão preferir cores com faixas preto e amarelo, ora experimentadas por predadores que não se arriscariam mais ao desprazer, e borboletas de distintos parentescos que usam certo padrão de coloração; preto, vermelho e amarelo, eficientes como aprendizado de evitação.
Ainda que se difere ao aposematismo, temos o comportamento deimático, onde animais por movimentos e posturas intimidadoras, apresentam o local característico cripticamente colorido, por exemplos os sapos-de-ventre-de-fogo europeu (Bombinatoridae sp) e o tritão de Hong Kong (Salamandridae SP), ambos com a superfício dorsal de exibição aposemática com posturas ameaçadoras.
Mas nem todos os seres existentes dentre os ecossistemas variados, possuem essas propriedades, alguns insetos não providos destes artifícios, arriscam suas vidas como talentosos encenadores, portando-se de modo inanimado, ludibriando o predador fingindo-se de mortos, este comportamento é estudado pelo nome de tanatose.
Se verificarmos nas diversas literaturas encontraremos um vasto conteúdo, tratando de camuflagem, aposematismo e os 2 modelos de mimetismo, mas alguns estudiosos gostam de ir além das expectativas e nos fornece condições para conhecermos outras variantes, como quando a presa simplesmente foge de seu predador, seja por salto, mergulho ou corrida, classificado assim como comportamento de fuga. Também a anacorese, que consiste em o animal elaborar tocas ou cartuchos, dependendo da espécie, que são produzidos para que não sejam notados, tem o mesmo objetivo da coloração críptica, por isso também está classificada como defesa primária.
Alguns mais preguiçosos preferirão inflar-se (foi só uma piada, não se tratam de preguiçosos, mas sim de condições) é o caso do sapo (Bufo SP), que nos deixa uma dúvida! Inflar-se para aparentar maior ou para dificultar sua digestão?
Estaria agora alguém se perguntando, e aqueles que não fazem parte deste roteiro de figurinistas inusitados, claro que existem os discretos, os “normais”, eles possuem veneno, mas não são exibicionistas tampouco coloridos demais, esses serão encontrados também em espécies aquáticas, ou podemos citar aqueles que liberam um odor fétido, capaz de desencorajar qualquer algoz, aproveitando esta lacuna, que tal se esclarecermos um mal entendido entre animais venenosos e animais peçonhentos - os venenosos não são capazes de liberar tal toxina em seus ataques, somente quando exprimidos ou contraídos, já os peçonhentos possuem a capacidade de inocular o veneno, caso das serpentes que possuem seus dentes canaliculados como podemos observar abaixo:
Animais venenosos: alguns insetos (taturanas, abelhas, vespas e besouros), todos os Anfíbios, um bom exemplo são os sapos, que até os índios utilizam essas toxinas para envenenar pontas de dardos e zarabatana para a caça; e
Animais peçonhentos: os Artrópodos como aranhas, escorpiões e lacraias e também os Répteis como as serpentes; cascavel, jararaca, surucucu e corais verdadeiras.
Completando restaram alguns tidos com “valentões”, que lutarão ao invés de “contracenar”, em sua defesa, contra atacarão, assim como se dizem por aí “a melhor defesa é o ataque”, isso nada mais é do que seu único recurso, caso fossem dotados de outro, optariam sem remediar, e de que forma será este ataque? Na maioria das vezes por mordidas com o intuito da retaliação e geralmente em grupos (opa! Achei que fossem valentões).
Para se organizar tudo isso, costuma-se dividir esses comportamentos em mecanismos de defesa nas duas categorias abaixo:
Defesas Primárias – aposematismo, coloração críptica, presença de veneno, anacorese e mimetismo.
Defesas Secundárias – fugas, tanatose, morder, deimático e inflar.
Animais de diversas espécies cumprem seu papel ecológico, sem guerras, poluições, desmatamento, degradação etc... Façamos nós também aquilo que mais se assemelha com nossa linhagem, que é a preservação e não a destruição.

Marcelo Ferreira
Técnico em Segurança do Trabalho
macerreira@gmail.com

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