Tendências e expectativas no prospecto das relações entre Segurança e Saúde Ocupacional com outros organismos:


Na edição especial de setembro da revista Melhor um exemplar dedicado a CONARH 2014, em sua seção de saúde, foi publicado uma matéria intitulada como “SIPAT VIRTUAL”, com o viés da inovação em uma plataforma digital.

Todos hão de concordar com a excelente idéia e a praticidade para os acessos de palestras e de quaisquer temas e no momento em que o interlocutor escolher, quase certos desta unanimidade, paramos para pensarmos em outros aspectos quando nos lembrarmos que a SIPAT é uma semana voltada à conscientização da prevenção de acidentes de responsabilidade da CIPA e com primordial participação do SESMT.

Agora que chegamos ao cerne da questão e como forma de alerta, preocupa-se e muito se observarmos quais são as pessoas que protagonizam sobre conteúdo e em especial na iniciativa de digitalizar a SIPAT, o maior destaque está na pessoa de uma gerente de RH do banco Bradesco, acostumada com e-learning que ao investir em recursos vislumbrou um mundo onde, na ótica dela, foi preciso realizar diversas reuniões com o sindicato da categoria e com o Ministério do Trabalho para a aprovação do conteúdo que seria adotado na semana, neste ponto da matéria paira uma interrogação a respeito da ausência dos profissionais de segurança e saúde ocupacional, seja eles, contratado ou terceirizado, mas que deveriam exercer seus papéis em avaliar o conteúdo e definir sua viabilidade e, se estes atenderiam as necessidades de uma SIPAT, mas esta conotação não é clara no texto, pelo contrário o SESMT nem foi mencionado na grande explanação.

O que pode estar acontecendo nesses casos? Quando existem méritos e divulgações em mídias o SESMT pode estar sendo descartado, ou outros cargos e departamentos estão vendo oportunidades para emplacarem nas questões que sempre foram importantes, mas hoje devido a mudanças vindoura estão despertando interesses, aliando ao fato das omissões cometidas pelo SESMT.

Talvez os dois casos possam estar acontecendo, adventos como o e-Social, podem futuramente trazerem mudanças com suas nuances negativas, portanto os profissionais de segurança e medicina do trabalho devem estar atentos em assumir seus papeis dentro de qualquer organização e começarem a se destacarem, antes que forças mais antigas se juntem a estas recentes, como por exemplo, alguns artigos científicos que já apontavam sobre as limitações da Medicina do Trabalho demonstradas por seus olhos voltados apenas para os riscos existentes no ambiente e, o mesmo acontece no caso da Saúde do Trabalhador que estuda a integração dos elementos presentes no processo de trabalho e suas intra-interações dinâmicas juntamente com órgãos humanos, perceba que nos dois casos existe superficialidade exercida nos campos de avaliação.

Para suprir essas limitações não basta somente entender sobre as condições de trabalho, ditas como cargas físicas, mecânicas, químicas e biológicas há de se considerar também a organização do trabalho onde entram as cargas fisiológicas e psíquicas, que atuam diretamente sobre funcionamento psíquico do trabalhador, e nessa concepção ocorre o desgaste atribuído ao trabalhador.

Quando essas cargas são juntadas e entendidas ocorre a exata identificação das causas raízes decorrentes de acidentes no trabalho e doenças ocupacionais, para isso devemos reconhecer a ideia de uma relação de parcimônia entre as ciências que estudam as cargas fisiológicas e psíquicas como  a Psicodinâmica do Trabalho e A Ergonomia, com as outras ciências da Medicina do Trabalho e Saúde do Trabalhador que estudam os riscos ambientais e as condições do trabalho como o aspecto físico humano, assim podemos dizer que será alcançado efeitos cada vez mais eficientes nas relações e causas de adoecimentos laborais.
No caso das ciências atuarem separadamente, certamente haverá grandes limitações em processos de melhoria, sua linhagem de profissionais é diferente, por isso uma deve completar a outro, impedindo vazão para possíveis investidas contraditórias de certos especialistas em termos alheios, pelo contrário, sua união tem como objetivo a criação consistente de uma equipe multidisciplinar.

No conteúdo da “SIPAT VIRTUAL”, além de deixar dúvidas quanto a participação de profissionais da segurança e saúde ocupacional no projeto, outro destaque aparece como uma espécie de apêndice ao artigo, nota-se um “pitaco” do senhor diretor de educação da ABRH-NACIONAL, expondo sua opinião quanto ao tema, alertando ainda acerca de alguns “riscos” nessa prática informatizada, defendendo que, em alguns casos não se deve abrir mão da interação presencial, ou seja, não são todos os casos que resultarão em bons resultados, enfim, sua colocação ganhou grande destaque junto à matéria e, mais uma vez vimos outro profissional opinando em assuntos de prevenção de acidentes, sem antes mencionar ter consultado ou ouvido o que um profissional qualificado desta área pensa sobre isso.

Sejamos realistas, não há nada de mais uma diretora de RH e um diretor de educação, participarem e de forma livre se expressarem acerca de quaisquer assuntos, mas antes de suas opiniões, o que seria de bom grado dentro da leitura que pudéssemos encontrar o que os técnicos, os engenheiros e os médicos do trabalho pensam sobre o assunto, mesmo que por intermédio desses diretores, mas que certamente traria maior confiança aos leitores e acima de tudo muito orgulho aos demais prevencionistas que lutaram e sempre lutarão por melhorias na qualidade do trabalho e principalmente na prevenção de acidentes e doenças ocupacionais.

Fontes:
 SIPAT VIRTUAL – Matéria publicada pela revista Melhor Edição Especial CONARH-NACIONAL de setembro de 2014 pela editora Segmento.
Oliveira, Regina Márcia Rangel de. A abordagem das lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomoleculares relacionados ao trabalho - LER/DORT no Centro de Referência em Saúde do Trabalhador do Espírito Santo - CRST/ES. [Mestrado] Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública; 2001. 143 p.

MARCELO FERREIRA

Consultor em SSO

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