Espaço Confinado

INTRODUÇÃO
Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados, este é o nome da caçula das normas regulamentadoras, motivo de preocupação de muitos, a contar de sua publicação, empregadores, engenheiros, especialistas entre outros, passaram a investir e se interessarem pelo assunto, visto que em outros países a atenção já era provinda há tempos. O motivo deste artigo, além de sua complexidade, também se dá pelo fato da imaturidade de informações encontradas ou quando verificado por suas distorções. Quantas vidas foram ceifadas neste evento? Posso afirmar que várias! a Norma americana OSHA (Departamento de Segurança e Saúde Ocupacional) em sua pesquisa constatou que 90% dos acidentes em Espaço Confinado são causadas por falta de oxigênio, sendo 70% fatais, então antecipo que foi descoberto o grande vilão nestes casos. Veremos isso mais adiante, para entendermos melhor devemos considerar os crimes aos quais estão sujeitos aqueles envolvidos na questão, por exemplo, em acidentes com vítimas fatais, o responsável certamente responderá pelo crime de Homicídio, havendo noutras circunstâncias menores a possibilidade de Lesão Corporal, ou ainda por negligência o Perigo de Vida, basta consultar o Código Penal, para observarmos estes artigos e suas penas, para que antes de qualquer exercício de instrução ou aprendizagem, atermos as tais conseqüências, isso tudo dentro das responsabilidades criminais e, para não nos alongarmos deixemos de citar as responsabilidades civis, abrindo espaço a outro artigo.
Depois deste esboço, seguiremos conforme a própria norma define o que Espaço Confinado: “é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover os contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio”, detalhe importante é que não necessariamente o ambiente deva constar todas essas características, mas apenas uma poderá classificá-lo como Espaço Confinado, outras definições também serão encontradas em Normas que tratam do assunto.
MÉTODOS
Dentro destas definições encontramos uma que diz; “grande o suficiente para um trabalhador entrar e desenvolver um serviço”, não é bem o que identificamos na prática, quando se tratando de uma asa de aeronave ou até um tanque de proporções menores e uma boca de visita incapaz de admitir a entrada de um trabalhador, porém se conter em seu interior algum produto químico e havendo possibilidade de inserção da cabeça, bastaria para causar asfixia, portanto muitos desprezariam essa possibilidade.
Além daqueles visíveis por vários profissionais e até leigos, existem diferentes tipos de Espaços Confinados como; tanques de armazenamento, silos, reatores, vasos de pressão, caldeiras, fornos, torres de processo, fossas, grandes redes de esgoto, filtros, caixas de água etc., ainda podemos acrescentar os forros, chaminés, vagões tanque, asas de aeronave, caixa de inspeção, sendo essa última estabelecida como padrão por várias empresas as que constarem de 1,50m mínimos de profundidade, não sendo uma via de regra, o que dependendo do produto contido, poderá haver alteração.
Sabendo que todo segmento é possuidor de Espaço Confinado, o que a Norma prevê nada mais é do que, um gerenciamento antecipado e programado, onde incluirá uma identificação apurada, medidas de prevenção, APR (Análise Preliminar de Riscos) e a capacitação das pessoas envolvidas e de terceiros se for o caso. Assim se faz necessário o uso da PET (Permissão para Entrada e Trabalho), essa ferramenta completa, possui todos os dados suficientes para uma entrada segura, onde constará do nome e assinatura da equipe empregada, neste momento sempre surgirá a dúvida se os Técnicos em Segurança do Trabalho devem autorizar essa permissão e se deverão acompanhar o serviço, não necessariamente, o fardo tirado das costas dos técnicos, é fruto do treinamento de 40 horas ministrado aos colaboradores com a função de supervisor que otimizará o trabalho tendo como vantagem mais pessoas capacitadas em lidar com os riscos e medidas adotadas nas mais críticas situações o que o caso oferecer.
Outra novidade são os riscos avaliados, além dos já conhecidos e dos que constam da NR 9 (PPRA); Físico, Químico e Biológico e NR 17 (Ergonomia), haverá uma devida atenção aos Riscos Atmosféricos, Elétricos, Mecânicos e Psicológicos. Anteriormente citado o risco atmosférico sendo o de maior importância, classificamos como: Deficiência de Oxigênio, Enriquecimento de Oxigênio, Atmosfera Inflamável e Atmosfera Tóxica.
Aqui não podemos admitir erros, portanto a primeira lição é, onde começa a deficiência e o enriquecimento e suas conseqüências, há um limite de porcentagem permitido dentro de 19,5% à 23% de concentração de oxigênio e, sabemos que dentro deste intervalo se encontra a concentração ideal de 20,9% que é o nosso ar respirável, onde abaixo de 19,5% o organismo sofrerá desde desorientação, diminuição do raciocínio até desmaios, extrema dificuldade respiratória e possível parada cardiorrespiratória , visto que á partir de 16% é considerado uma atmosfera IPVS( Imediatamente Perigosa a Vida e a Saúde), e acima de 23% além de causar um efeito narcótico, haverá risco de inflamabilidade e explosão. Para se evitar tais situações devemos conhecer seus motivos, no caso de deficiência de oxigênio serão causados por: consumo pela respiração dos trabalhadores; queima rápida (soldas); queima lenta (ferrugem, oxidação); deslocamento por outro gás; decomposição de material orgânico; inertização de atmosfera e adsorção e para ocorrer o excesso de oxigênio suas causas e possibilidades serão por vazamento de linhas de oxigênio e ventilação feita com oxigênio.
Entretanto uma vez notificado alterações nas concentrações de oxigênio por equipamentos certificados e intrinsecamente seguro, deverá ser providenciado um sistema de ventilação ou exaustão ou os dois chamado de sistema combinado, observando a eficiência da ventilação sobre a exaustão e, não descartando a eficiência no caso de exaurir diretamente sobre a fonte geradora, como por exemplo, em trabalho à quente. Se mesmo assim estiver dificultada a entrada ou no caso de atmosfera IPVS e se tratando de serviço de extrema urgência o uso de máscara autônoma de demanda com pressão positiva ou com respirador de linha de ar comprimido será inevitável, onde deverá constar de um cilindro auxiliar para escape, conhecido como C.A.R.L.A. (Conjunto Autônomo com Respirador por Linha de Ar).
DISCUSSÃO

Aos colaboradores que formarão a frente de trabalho, esta será composta por 1 supervisor, 1 vigia e 1 executante no mínimo, além do plano de emergência e salvamento que será definido por funcionários da empresa ou por equipe contratada, também haverá possibilidade do acionamento de órgãos públicos.
Verificados e analisados todas as etapas antecedentes à entrada a equipe também deverá certificar-se dos materiais e equipamentos a serem utilizados como alguns dos citados: Tripé; Monopés, Sistema de redução de força, ou guinchos mecânicos; Linhas da vida ou Cabos da vida; Equipamentos de Comunicação; Cintos de segurança; Ventilador e/ou Exaustor; Detectores portáteis de gás. Seguido todos os passos e em conformidade com os procedimentos estabelecidos em normas e leis, por mais perigoso e complexo que seja o trabalho, o objetivo será de potencializar o risco a zero, para o conforto, segurança e saúde de todos, assim deixo algumas informações eficazes, porém resumidas, o que para uma abordagem mais completa se faz necessário o fracionamento de temas essenciais por artigos separados como: Riscos Atmosféricos; PET; Travas e Bloqueio; Ventilação/Exaustão; Áreas Classificadas; Operações de Salvamento e outras que por ventura possam ser sugeridas ou solicitadas após esta, o que desde já coloco-me a disposição e anseio por ter atingido as expectativas daqueles que buscam esclarecimentos em assuntos indigestos.


MARCELO FERREIRA
Técnico em Segurança do Trabalho
macerreira@gmail.com

Comentários

  1. Marcelo...legal sua iniciativa...sou estudante de SST e estou a procura de Bibliografia sobre Espaço Confinado para execução de TCC sobre a importancia da rastreabilidade da PET...caso possa ajudar rios.cesar@hotmail.com e visite http:\\confrariacarrozeria.blogspot.com ...abraços...Cesar

    ResponderExcluir
  2. gostei muito...sou estudante de tst.

    ResponderExcluir
  3. Muito legal seu artigo, estava em buscar de um material diferenciado e encontrei, parabéns.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas